Descobri que moto não entra em ônibus

Fala meu caro leitor! Que bom que você chegou aqui. Só para lembrar, esse post é continuação do Primeira vez na estrada. Caso você não tenha lido ainda, recomendo. Boa leitura!


Não sei precisar quanto tempo depois da maldita poça de óleo eu descobri que moto não cabe dentro de um ônibus, principalmente se você estiver trocando de faixa e a 80 km por hora. Mas, vamos aos fatos.

Durante umas férias coletivas no trabalho e com um belo dia de sol resolvemos ir à praia, mas Nathi já estava grávida de 3 meses e ela foi de carro com minha tia. Eu, que não andava de moto a alguns dias, resolvi ir com a Gorda (minha V-Strom). Coloquei uma segunda pele, camiseta, bermuda e um tênis, novamente tudo certo para dar errado, afinal eu já havia esquecido do tombo que tinha levado antes e estava um calor insuportável de verão no Rio 40 graus.

Eu vinha tranquilo, andando devagar para acompanhar minha tia que anda devagar para cassete (desculpa Lúcia, te entreguei) e em um dado momento resolvi seguir em frente. Parei ao lado do carro delas e marquei um ponto de encontro na praia. Engatei a primeira, segunda, terceira e vida que segue, mas poucos metros depois vi um ônibus entrando na minha frente e não consegui nem frear.

Aos 80 km/h que estava eu entrei na lateral do busão, me lembro que só consegui desviar um pouco e a manete do lado direito chegou a furar a lataria do ônibus. Cai e saí quicando igual a uma bola de basquete no asfalto. Chão, céu, chão, céu… Só isso que via, até que avistei um carro preto vindo na minha direção e cheguei a ver a cara de espanto da mulher que dirigia que prontamente cravou o pé no freio e conseguiu parar.

Quando eu consegui parar de quicar no chão estava zonzo… Me levantei, coloquei o pé esquerdo no chão e, putz, que dor! Meu ombro esquerdo também doía muito e meu coração doía mais ainda ao ver a Gorda toda zoada. Roda, espelhos, paralama, setas, carenagem dianteira e traseira, pedaleira etc. Dava dó da menina. Mancando, cheguei perto da moto, novamente com a ajuda de outro motociclista levantei a moto e escuto “Eu estava certo, não tive culpa”. Olhei para frente e vi o motorista, que estava errado, tentando se livrar da merda que tinha feito. Os motociclistas que viram o fato quase juntaram ele na porrada, o cara foi xingado de tudo que era nome e uma via foi interditada por causa do acidente, causando um puta trânsito.

Rapidamente um carro da empresa de ônibus apareceu e um cobrador também. Esse cobrador fantasma tinha um discurso pronto, era testemunha e NEM ESTAVA NO ÔNIBUS! Para falar a verdade os dois estavam errados, eu que deveria estar na pista da direita para seguir em frente e ele que deveria estar na pista da esquerda para virar. A empresa de ônibus usando de muita má fé implantou uma testemunha que não estava lá e não assumiu nada.

Isso tudo que narrei aconteceu em segundos. Enquanto esperava a polícia peguei o telefone para ligar para a Nathi, tadinha, toda feliz atendeu falando “Já chegou amor?” e eu “Não, sofri um acidente”, “Para de palhaçada Fernando”, “Estou falando sério, não está engarrafado aí? Então… segue o fluxo que você vai ver o motivo”. Ela chegou lá e me viu todo torto de dor, cheguei a achar que tinha quebrado o ombro pois não conseguia mexer o braço e meu pé esquerdo estava inchado e doía muito. Conclusão, o ombro foi só da pancada e eu quebrei o pá. A Gorda quase deu PT, saiu na época mais de 13 mil o conserto que foi absorvido pelo seguro e eu não acionei a empresa de ônibus na justiça pois eu não tinha testemunha e confesso, também estava errado.

Horas depois eu entro em contato com os meus pais para contar que estava bem, que estava no hospital. Minha mãe havia visto uma nota na TV que um acidente envolvendo um ônibus e uma moto estava complicando o trânsito, quando soube que era eu: “Então foi com você seu FILHO DA…”.

Lembro-me de ter cogitado a hipótese de parar de andar de moto mas, semanas depois eu já queria subir na minha moto novamente.

Agora, o que aprendi com esse acidente? Confiança de mais é um problema, a empresa de ônibus foi safada ao implantar uma testemunha que nem no ônibus estava e que uma V-Strom não cabe dentro de um ônibus.