Minha paixão por motos. Onde tudo começou

Sempre tive fascínio e admiração por essas belas máquinas construídas em cima de duas rodas, conhecidas como motocicleta ou somente moto para os mais íntimos. Quando criança, adorava assistir qualquer programa de TV ou filme que tivesse uma motocicleta, principalmente quando esses filmes eram repletos de cenas de perseguição, ação e acrobacias. O que me deixava extremamente triste e intrigado era a facilidade que o mocinho e o vilão tinham em destruir uma moto, aquilo doía no peito! A lágrima chegava a sair de meus olhos com essas cenas. Mentira, mas que eu ficava intrigado e chateado quando via uma moto sendo destruída eu ficava.

Nos anos 90 eu assistia, na extinta Rede Manchete, um seriado chamado Black Kamen Rider, que passou entre os anos de 1991 e 1994 aqui no Brasil. Se tratava de uma série de TV japonesa que, pelo que sei, fez mais sucesso aqui do que na terra do sol nascente, e tinha como personagem principal um homem-gafanhoto, que combatia o mal em cima de sua moto. Porém, o que mais me empolgava na série não era o homem-gafanhoto bizarro e as fantasias trash dos vilões, muito menos o fato dele combater o mal.

O que realmente chamava minha atenção era sua moto verde altamente esquisita e estilizada. O detalhe do verde não chamava minha atenção por mero acaso pois era exatamente a cor da bicicleta Caloi que eu tinha na época (o que acabou rolando uma identificação imediata). Além da moto, eu adorava assistir as perseguições e a forma louca de pilotar do gafanhoto, algo que só japonês consegue fazer!

Black Kamen Rider

No mesmo período foi lançado no Brasil o filme chamado Cool as Ice ou Nas ondas do Rap como ficou conhecido por aqui. Seu lançamento nos Estados Unidos aconteceu no ano de 1991 e era estrelado pelo rapper norte-americano Van Winkle, mais conhecido como Vanilla Ice.

Sempre que assistia Cool as ice a mesma sensação se repetia. Eu ficava absurdamente encantado com as belas motos esportivas que apareciam, mesmo com pinturas e cores bem estranhas e extravagantes para os dias de hoje. Perdi as contas de quantas vezes assisti ao filme quando criança, mas por incrível que pareça, eu pouco lembro de sua história, afinal o que realmente importava e me prendia a atenção eram as potentes motocicletas carburadas, esportivas e coloridas.

Imagem do filme Cool as ice de 1991

Biker Mice from Mars

            Oura grande inspiração e, acredito eu, a maior dentre as duas anteriores é o desenho Biker Mice From Mars, conhecido aqui no brasil pelo nome Esquadrão Marte ou Os Ratos Motoqueiros de Marte. Esse desenho era incrível e bizarro (ou incrivelmente bizarro). Nessa bizarrice toda, aparecem três ratos motoqueiros vindos de Marte para defender e proteger a terra, mas especificamente Chicago, nos Estados Unidos. Para contextualizar um pouco, vou contar copiar e colar um trecho do Wikipedia (obrigado Jimmy Wales).

No planeta Marte existia uma raça de ratos que gostavam de motociclismo e tinham sociedade e cultura muito similares aos da raça humana. Certo dia, todos eles foram dizimados pelos Plutarkianos, uma raça alienígena de humanoides obesos, mau cheirosos e semelhantes a peixes, que exploravam outros planetas em busca de recursos naturais, pois eles exauriram os seus. Três sobreviventes (Throttle, Modo e Vinnie) conseguiram encontrar uma espaçonave e escapar dos Plutarkianos, mas logo foram derrubados por uma nave de guerra plutarkiana e acabaram caindo na Terra…

http://bit.ly/2ZGZR8Y
Abertura do desenho Biker Mice from Mars

Já deu para perceber que “o bagulho era louco”! Esse desenho começou a passar no Brasil em 1993 quando eu tinha 8 anos de idade e era transmitido pela TV Globo no saudoso programa TV Colosso. Infelizmente a série foi cancelada depois de três temporadas e eu nunca mais vi ou ouvi falar sobre, até “esbarrar” com a abertura do desenho em um canal aleatório no Youtube justamente no período em que eu estava escrevendo esse livro.

            Saudade da época que eu só me preocupava em estudar, e nem isso fazia… Mero detalhe! Vou engolir o choro aqui e vamos seguir em frente. Afinal de contas motoqueiro malvadão que se prese não chora, nem com pimenta das brabas!

Inspirado pelo seriado Japonês, o desenho e o filme americano, eu adorava pegar minha bicicleta, prender um copo plástico próximo aos aros da roda traseira para, quando em movimento, fizessem um som estridente e horrível mas que me deixava com sorriso no rosto achando que estava andando em uma Kawasaki 900 verde, tirando onda e azarando as gatinhas imaginárias. Tempo bom que não volta mais.

Motovelocidade

Ainda criança, comecei a ouvir falar de um moleque que estava fazendo história na MotoGP. Até então eu não sabia nem da existência de um campeonato mundial de motovelocidade e por aqui, mesmo com a morte do Senna, os brasileiros estavam mais acostumados a assistir a Fórmula 1 (ao menos na minha família). Lembro-me de sempre assistir as corridas nos almoços de domingo com meu tio James e meu tio-avô Miguel, que se sentavam para assistir à corrida e dormiam antes da largada.

Nessa mesma época, começou a passar na TV, não lembro qual emissora, algumas corridas da MotoGP e Valentino Rossi era o nome da vez e tudo indicava que o moleque passaria Giacomo Agostini em pouco tempo (o que não aconteceu até o momento do lançamento desse livro). Seria algo como um novo jogador de futebol batendo todos os recordes do Pelé.

Expectativa correspondida – GPtotal
Valentino Rossi

Cheguei a assistir algumas corridas e pensar “Isso é muito maneiro e muito mais divertido que Fórmula 1”. Rossi e o número 46 (que foi herdado do seu pai, também piloto) começaram a aparecer em programas de esporte na TV, jornais, revistas, revistas especializadas sobre motociclismo e comecei a admirar o cara, mesmo sem assistir todas as corridas, afinal de contas, nessa época não tinha TV a cabo com Fausto Macieira e Guto Nejaim narrando com maestria todas as corridas do ano, sem contar na possibilidade de assistir as corridas por streaming pelo site da TV por assinatura.

Bisavô Harleyro

            Muitos anos depois fiquei sabendo por meu pai que meu bisavô era um Harleyro de mão cheia e que minha bisavó adorava desfilar de Harley com ele, além de achá-lo atraente e encantador. Não sei muitos detalhes sobre essa história, muito menos tenho fotos do “velho Harleyro”. Infelizmente não o conheci também, mas já deu para perceber que esse papo de moto está no sangue dos Valentes, de uma forma ou de outra.

Voltando a falar de mim

Os anos foram passando, eu fui ficando mais velho e o encanto pelas motos foi reduzindo até adormecer temporariamente. Diversos foram os fatores que fizeram esse desejo adormecer, um deles era a chegada dos meus 18 anos. A maioridade estava próxima e, como todo novo adulto, eu queria tirar minha carteira de motorista (ou carta como se fala em outras cidades fora do Rio de Janeiro). Vários amigos já desfilavam com seus carros e eu não queria mais viver de carona, afinal de contas a onda mesmo era desfilar com seu carro, mesmo que o “seu carro” fosse o carro do seu pai.

Além do fator “tirar onda de carro”, outro motivo que me fez desencanar de um dia ter uma motocicleta foi o pavor incontrolável da minha mãe. Ela afirmava com convicção que perderia um filho se eu comprasse uma moto, seria como se eu estivesse assinando e reconhecendo firma em cartório o meu atestado de óbito. O pavor da Dona Beth era reforçado com a do Seu Roberto, mais conhecido como pai, que também acreditava na afirmação descrita anteriormente, mas com menos ênfase.

Esse medo acabou sendo passado para o Flávio (meu irmão mais velho) e de tabela para mim, que acabei desencanando dessa história de um dia andar e ter uma motocicleta, principalmente depois que tirei a carteira de motorista e desfilava em um Pálio 1998 inteirinho, que eu acabei deixando algumas marcas nele, mas isso são só detalhes, marcas que fazem um homem crescer… E levar bronca do pai também! Porém, como fala Dinno Benzatti do programa Momento Moto: “tome cuidado com o que você deseja, uma hora esse desejo será atendido”.


Essa história continua, aguarde os próximos posts! 🙂

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